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MERCADO DE TRABALHO

1.Mercado de trabalho

 

As profissões de saúde desde a virada do século tem apresentado um constante crescimento, tendo a enfermagem se destacado como a profissão que mais cresce no mercado de trabalho. As oportunidades de emprego sofrem forte influência das leis de mercado e da gestão das políticas socioeconômicas de saúde e educação, vigentes no país, tornando a distribuição espaço temporais dos profissionais bastante desiguais nas regiões do Brasil. Ocorre assim uma concentração nas regiões ricas e urbanizadas e insuficiência nas com os piores indicadores sociais e de saúde do país. (BARRETO, 2011)

Segundo o IPEA (2013) a enfermagem foi a segunda profissão com maior crescimento de ofertas de postos de trabalho entre 2009 e 2012 com geração de 27.282 empregos.

 

1.1 Aspectos Regionais

 

No Brasil, conforme dados do COFEN (2016) constam um total de 439.719 enfermeiros, sendo no Nordeste (107.786), no Norte (25.024), Centro-Oeste (39.387), Sudeste (211.311) e o Sul (56211). A maior concentração se encontra na região Sudeste que sempre se destaca como região mais desenvolvida do país e mais populosa, seguida do Nordeste com um longo histórico de exploração. O último lugar está à região Centro-Oeste que conta com um número pequenos de Estados. Segue abaixo no gráfico o número de enfermeiros em cada estado

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                     Fonte: COFEN

 

Segundo uma pesquisa do Perfil de Enfermagem no Brasil traçado pela Fiocruz a enfermagem no Brasil é composta, de acordo com dados de 2015, por 80% de técnicos e auxiliares e 20% de enfermeiros havendo uma grande concentração na região sudeste (mais da metade das equipes consultadas). Dos 3,5 milhões de trabalhadores da saúde, 50% são enfermeiros. A equipe de enfermagem sempre foi majoritariamente feminina, contudo tem havido um aumento do contingente masculino alcançando já 15%. A dificuldade de encontrar emprego atinge 65,9% dos profissionais. A Região Nordeste apresenta a menor concentração de profissionais, com 17,2% das equipes de enfermagem. Segue gráfico abaixo com número de enfermeiros nos estados do nordeste segundo os últimos dados do COFEN

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                              Fonte: COFEN

1.2 Prática da Enfermagem

A distribuição da prática da Enfermagem conforme os dados do COFEN (2016) são respectivamente: (439.719) enfermeiros, (996.693) técnicos de enfermagem . (434.139) auxiliares de enfermagem e 246 obstetrizes. Devido a quantidade quase irrisória de obstetrizes elas sequer aparecem no gráfico a seguir da distribuição por região desses profissionais.

 

                                                    Divisão dos profissionais da enfermagem por região 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                        Fonte: COFEN

1.3 Área de atuação no mercado

 

A maioria dos egressos estão na área hospitalar, pois mesmo com o crescente estimulo a inserção desse profissional na Estratégia de Saúde da Família – ESF os hospitais necessitaram de um número maior de enfermeiros devido ao fato de se trabalhar em turnos contínuos, além das unidades de maior complexidade como pronto de socorros e UTI exigirem um número maior de enfermeiros por conta da especificidade do cuidado. Já as ESF precisam muitas vezes de apenas um profissional por equipe (COLENCI;BERTI, 2006).

Um estudo realizado com 175 egressos da Escola de Enfermagem da EEUSP entre o período de 2000 e 2005 mostrou que 63,4% procuraram cursos de pós graduação e o restante, que se inseriu no mercado no período  de 3 meses, foram para: (54,29%) foram para área hospitalar, (14,29) ensino profissional, (6,85%) programa de saúde da família, (2,86%) unidade básica de saúde, (1,71%) ensino superior, (2,28%) assistência domiciliar, (11,43%) outros e laboratório nenhum. Os dados mostram mais uma vez uma prevalência no setor hospitalar, seguida do ensino profissional, e em 4º lugar temos os PSF. Em relação ao tempo de inserção no mercado esse quadro já sofreu uma forte variação devido ao crescente aumento das Escolas de Enfermagem no país. (PÜSCHEL et al , 2009)

Conforme Rocha e Zeitoune (2007) há dez anos do estudo realizado os enfermeiros atuantes na saúde pública eram apenas um ou dois  para atender uma grande região. Já em 2007 e ainda hoje os municípios tem, no mínimo, um profissional atuando. Com a municipalização da saúde e a adesão a estratégias, como: o Programa Agente Comunitário de Saúde (PACS) e o Programa Saúde da Família (PSF), a demanda por enfermeiros para trabalhar nessa área cresceu muito. Houve um intenso investimento do governo para levar esses enfermeiros e todos os profissionais atuantes na Estratégia de Saúde da Família para os interiores por meio de programas como: Programa de Valorização do Profissional de Atenção Básica – PROVAB e o Programa de Interiorização do Trabalho em Saúde - PET.

As principais ressalvas em relação a como essa inserção no mercado de trabalho ocorre são: poucas oportunidades de emprego para a quantidade de profissional no mercado; o salário não compensar; exigência de experiência para quem acabou de se formar; dificuldade de passar nos concursos (COLENCI; BERTI, 2006).

 

1.4 Entraves do Sistema de Ensino

 

O ensino da graduação em enfermagem tem dificuldade de se adequar ao mercado de trabalho. O ensino é focado em conteúdos ideias que não se parecem com as práticas reais da assistência ou mesmo na exigência do cumprimento do saber técnico exigido de formar rígida na graduação que nem sempre se faz possível dentro da vida profissional. Além, de o enfermeiro ser preparado para trabalhar com a assistência e o mercado requerer a atuação na área de administração e gestão (RODRIGUES; ZANETTI, 2000).

 

1.5 Vínculos empregatícios

 

Apesar das políticas de saúde manterem a predominância dos contratos formais de trabalho tem havido um crescimento da precariedade devido a contrato de trabalhos legais com baixa proteção social como as cooperativas de trabalho e a elevada flexibilidade do trabalho expressa pela existência de diversos vínculos empregatícios. (OLIVEIRA, 2015).

Uma pesquisa realizada em 2005, com 157 enfermeiros que atuavam no PSF, mostrou que (53%) dos enfermeiros possuíam outra atividade além do PSF, Destes, identificou-se que 81% responderam que tem mais 1 atividade e os demais responderam que tem até 4 atividades além do PSF tendo como  explicação a busca por uma outra remuneração. (ALBUQUERQUE et al 2006).

 

 

1.6 Relações salariais

 

Em relação a número e empregos 63,5% tem apenas 1 salário.  Os salários são em 1,8% dos casos apenas um salário mínimo e em 16,8% um total mensal de até R$1000,00. Os setores que apresentam maior subemprego são: público, privado, filantrópico e ensino, sendo o privado e o filantrópico os principais com uma média de 21%. No quesito mercado de trabalho, 59,3% das equipes de enfermagem encontram-se no setor público; 31,8% no privado; 14,6% no filantrópico e 8,2% nas atividades de ensino (FIOCRUZ, 2015).

Conforme o último Censo demográfico (2010), o salário mensal do enfermeiro está em 3.495,07 ocupando a posição 28 no ranking de melhores salários, com uma jornada de trabalho de 41,27 horas semanais.

 

1.7 Cenário Internacional

 

Para se obter melhores resultados de saúde e alguns dos objetivos fundamental dos sistemas de saúde é necessário uma acesso universal e cobertura universal a saúde. Um dos pilares para o acesso e cobertura universal são os recursos humanos. Contudo ainda existem desequilíbrios e lacunas na distribuição desses recursos. A enfermagem ocupa, por sua vez, um papel indispensável para que isso seja alcançado devido ao fatos desses profissionais poderem atuar em todas as áreas da assistência (CASSIANI, 2014).

Ainda há alguns desafios internos e externos a profissão, ocasionados por questões culturais, de gênero, e no campo de conhecimento. Há uma insuficiência e má distribuição de enfermeiros por e pessoal de enfermagem na maioria dos países. Os cuidados em enfermagem nem sempre estão sendo prestado pelo profissional com maior formação técnica cientifica, havendo ainda tensão entre esses grupos pelo espaço de trabalho (CASSIANI, 2014).

A OPAS junto com a OMS, em uma das ações do Dia Internacional do Enfermeiro que aconteceu ano passado (2015), foi buscar um enfrentamento das desigualdades na distribuição de enfermeiros. A equipe de enfermagem representa mais de 60% da força de trabalho em saúde e cobre 80% das necessidades de cuidados. A OMS recomenda cerca de 2,3 médicos, enfermeiros e parteiras por 1.000 habitantes. Apesar de nas Américas cerca de 70% dos países terem os profissionais necessários, e até sobressalentes, há uma má distribuição e qualificação. A tabela a seguir contém os dados de enfermeiros e médicos por habitantes e a relação médico/enfermeiro confomre dados de 2016.

                                                                    Tabela com relação médico/enfermeiro. 2016

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                                 Fonte: COFEN/CFM/IBGE

 

Segundo os Indicadores básicos de 2012 o Canadá apresenta 9 enfermeiros por 1.000 habitantes, os EUA 8. Já na América Latina: a Bolívia 0,5, a Colômbia 0,8 o Equador 0,6, o Peru 0,9 e o Brasil 0,7. Hoje o Brasil apresenta conforma a tabela de 2016 um valor médio de 2,15 enfermeiros por 1.000 habitantes, representando um pouco mias que o triplo do que havia em relação a 2012, tendo esse crescimento em apenas 4 anos.  O valor está dentro da média da OMS, mas se comparado a ouros países está em desvantagem (CASSIANE, 2014).

A relação de médicos por enfermeiros nacionalmente corresponde a 0, 97 médico para cada enfermeiro se apresentando de forma diferente regionalmente, sendo menor nas regiões Sul e Sudeste (igualmente 0,83) e maior nas regiões Norte e Nordeste e Sudeste respectivamente (1,58 e 1,37 ). 

 

Bibliografia:

AGÊNCIA FIOCRUZ DE NOTÍCIAS, Pesquisa inédita traça perfil da Enfermagem no Brasil, Site Fiocruz, 2015. Disponível em: < http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/pesquisa-inedita-traca-perfil-da-enfermagem-no-brasil >. Acessado em 15/04/2016.

 

ALBUQUERQUE, Paulete Cavalcanti et al, Os Múltiplos Vínculos de Trabalho dos Profissionais do PSF X Cumprimento das Ações Previstas no Programa, Fiocruz, 2006.

 

Barreto IS, Krempel MC, Humerez DC. O Cofen e a enfermagem na América Latina. Enfermagem em Foco. 2011;2(4):251-4.

 

CASSIANI, Silvia Helena De Bortoli. Estratégia para o acesso universal à saúde e cobertura universal de saúde e a contribuição das Redes Internacionais de Enfermagem, Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto , v. 22, n. 6, p. 891-892. 2014.

 

COLENCI, Raquel, BERTI, Helosia Wey, Formação profissional e inserção no mercado de trabalho: percepções de egressos de graduação em enfermagem, Rev Esc de Enfermagem USP, p.58-166, 2010.

 

CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, COFEN, Enfermagem em números, 2016. Disponível em: < http://www.cofen.gov.br/enfermagem-em-numeros>. Acessado em: 17/04/2016.

 

DE OLIVEIRA, Bruno Luciano Carneiro Alves; DA SILVA, Alécia Maria; CARNEIRO, Alan Dionízio. A DISTRIBUIÇÃO DE ENFERMEIROS NO BRASIL SEGUNDO AS PESQUISAS DE ASSISTÊNCIA MÉDICO-SANITÁRIA (2002, 2005, 2009). Gestão e Saúde, v. 6, n. 2, p. Pag. 1334-1353, 2015.

 

INSTITUTO DE PESQUISA ECONÔMICA APLICADA, IPEA, Radar, Tecnologia, produção e comércio exterior, 2013.

RODRIGUES, Rosa Maria; ZANETTI, Maria Lúcia. Teoria e prática assistencial na enfermagem: o ensino e o mercado de trabalho. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto ,  v. 8, n. 6, p. 102-109, 2000.

 

OPAS, OMS, OPAS / OMS destaca a necessidade de formar mais pessoal de enfermagem na América Latina e no Caribe.2015. Disponível em: <http://seesp.com.br/noticia/opas-oms-destaca-a-necessidade-de-formar-mais-pessoal-de-enfermagem-na-america-latina-e-no-caribe/>. Acessado em: 10 de maio de 2016.

 

ROCHA, Jesanne Barguil Brasileiro; ZEITOUNE, Regina Célia Gollner. Perfil dos enfermeiros do Programa Saúde da Família: uma necessidade, 2007. 

 

RODRIGUES, Rosa Maria; ZANETTI, Maria Lúcia. Teoria e prática assistencial na enfermagem: o ensino e o mercado de trabalho. Rev. Latino-Am. Enfermagem,  Ribeirão Preto ,  v. 8, n. 6, p. 102-109, 2000.

 

 

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