A História da Enfermagem
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ENFERMAGEM NO MUNDO
A enfermagem é uma prática que sempre existiu e foi ganhando maior autonomia e prestígio com o passar dos séculos. Faremos um breve panorama sobre essa trajetória.
As primeiras práticas de enfermagem conhecidas na história eram exercidas pela figura materna. Como a visão mágica religiosa prevaleceu por muito tempo, o tratamento de doenças se limitava a tentativa de aplacar a fúria das divindades. Os hindus no século VI a.c foram os primeiros povos a relatar os cuidados de enfermagem e suas atribuições. As enfermeiras deveriam ser inteligentes, conhecer as artes culinárias e do preparo de remédio, ser habilidosas e moralmente puras (PAIXÃO, 1979).
Enquanto a medicina foi se aperfeiçoando em países
como o Egito, Roma, Japão e principalmente na Grécia, onde
nasceu o pai da medicina. A enfermagem acompanhou esse
avanço de forma auxiliar. (PAIXÃO, 1979).
Com o surgimento de Jesus e seus ensinamentos, seus
seguidores iniciaram uma onda de caridade e ajuda aos mais
necessitados, esse grupo incluía mulheres viúvas, casadas e
virgens judias. Essa onda chegou a Roma e contagiou a Europa. Muitas mulheres da nobreza separam seus castelos como local de cuidar dos doentes surgindo assim os primeiros hospitais, ligados sempre a entidades religiosas. (PAIXÃO, 1979)
Nesse cenário cristão surgem as abadessas. Mulheres que viviam em conventos e estudavam as letras, ciência e os cuidados aos doentes. Dentre elas destaca-se Santa Hildegarda, conhecedora da enfermagem e da medicina escreveu sobre doenças de pulmão, verminose, e disenteria valorizando sempre os banhos e a ingestão de água. Ainda marcado pela religião tem início as Cruzadas que geraram a abertura de vários hospitais, de caráter religioso-militar, para cuidar dos combatentes (PAIXÃO, 1979).
Com o desenvolvimento da medicina, a enfermagem foi relegada a segundo plano, o que se acentuou com a expulsão dos religiosos dos hospitais. Os enfermeiros que ficaram tinham caráter duvidoso, deixavam os doentes morrerem, cobravam gorjetas pelos serviços, embriagavam-se e havia uma total falta de higiene. Dentro desse cenário degradante, que perdurou por séculos, surgiu a erudita Florence Nigthingale
para revolucionar a história da enfermagem (PAIXÃO, 1979).
Filha de uma família muito rica, Florence recebeu uma ótima
educação, falava diversas línguas e tinha um profundo
conhecimento da matemática. Após sofrer resistência por
parte de sua mãe conseguiu ingressar como enfermeira em
um hospital, se dedicou a fazer viagens por vários países
conhecendo as práticas executadas em cada um deles e
posteriormente escreveu um estudo comparativo. Durante a guerra na Criméia ela se ofereceu para ir à Inglaterra cuidar dos soldados. Florence chegou organizando a lavanderia, a cozinha, dando livros e distrações aos pacientes, o que gerou uma redução no índice de mortalidade. Suas noções de higiene revolucionaram a prática da enfermagem. Em 9 de julho de 1860, fundou sua escola, São Thomás, não podendo dirigi-la pessoalmente por questões de saúde. (PAIXÃO, 1979)
A difusão de suas ideias de profissionalizar os cuidados de enfermagem e dar um diploma as mulheres encontrou resistência em diversos países. Três diretrizes fundamentaram a reforma: os professores das escolas de enfermagem deveriam ser enfermeiros e não médicos; ensino através da prática; seleção por meio da moral, intelecto e aptidão. Em 1893, se criou uma Associação de classe para elevar o nível educacional. (PAIXÃO, 1979)
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ENFERMAGEM NO BRASIL
No Brasil os jesuítas com destaque ao padre Anchieta trouxeram de Portugal os conhecimentos médicos. Os avanços da enfermagem no Brasil foram discretos, tomando novas proporções com a chegada da reforma de Florence e com as ações de saúde coletiva voltadas a prevenção (PAIXÃO, 1979).
Seguindo essas mudanças em 1921, por meio da iniciativa de Carlos Chagas, chega ao Brasil um grupo de enfermeiras e cria-se um curso intensivo de enfermagem voltado à saúde pública. Entre as medidas tomadas tivemos: a implantação da enfermagem baseada em evidência, a criação do Serviço de Enfermagem do Departamento Nacional de Saúde Pública e uma Escola de Enfermeiros. Atuavam na parte de higiene, pré natal, tuberculose, lepra e doenças transmissíveis. (GERMANO, 2003)
Em 1949 ocorre uma reforma curricular do curso de enfermagem, exigindo que houvesse nível médio para ingressar. Com os avanços tecnológicos ocorre uma nova reforma em 62, voltada para o modelo curativo focado nos hospitais e clínicas ocasionado uma mercantilização da saúde. Com o fim do golpe militar de 64, passamos por um processo de redemocratização que culminou com a nova constituição de 88 e a reforma sanitária. Isso gerou grandes mudanças na prática da enfermagem que passou a se reformular pautada no conceito ampliado de saúde. Com a criação do SUS, a enfermagem amplia sua atuação se destacando no Projeto de Saúde da Família (PSF) que visa mudar o modelo de atenção vigente tendo como base a prevenção e promoção da saúde. (GERMANO, 2003)
Bibliografia
GERMANO, Raimundo Medeiros, O ensino da enfermagem em tempos de mudança, Brasília (DF), Revista Brasileira de Enfermagem, 2003.
PAIXÃO, Waleska, História da Enfermagem, Júlio .C. Reis - Livraria, 5º Edição, Rio de Janeiro, 1979.

